terça-feira, 24 de abril de 2012

Morgana

Sua vista começou a doer, e as letras se embaralharam. Até o barulho da chuva se tornava rústico.
Os curtos cabelos rebeldes atrapalhavam Morgana. Os prendeu num coque pequeno, que mal parava preso e encontrou o caderno com poucas folhas, quais outras já arrancou e rabiscou.
O vento gelado de lá, bate em seu braço, se lembra de ter raiva por esquecer a blusa em casa.
Deixou o cachorro sem ração.
As cuticulas de água na lata de coca escorrem lentamente, brincando de quem fica maior juntando-se a outras.
É sempre a mesma coisa.
O gliter de suas unhas verdes refletem um brilho que ela não virá em ninguém, ou se viu faz tempo. Ou se viu era somente uma criança, que não acreditava em tudo, era ingênua, não tinha compromissos, ou obrigações.
Morgana quer imbernar por algum tempo. Se afastar do lamaçal que é o mundo, da sujeira das pessoas.
Passa as mãos no rosto uma vez, passa outra, tenta abrir os olhos, não os cerrar.
Olha pra chuva, parou.

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