quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Vá a merda.

Novembro foi passando e automaticamente já fui me enganando. Automaticamente deixei de contar os dias, ver a hora, ou até mesmo procrastinar vendo os minutos passarem, nas tardes tediosas de domingo.
No trabalho marcando muitos preços em fichas, sou obrigada a saber o dia, o mês. Chegou Dezembro. Tão esperado Dezembro. Onde todas as pessoas se desesperam pelos presentes, para comprar, dar, ser presenteado. Enquanto outras tantas se vem passando fome, numa casa repugnante, sem mesmo um forro, onde dormem com a chuva, com os bichos escrotos, com a poeira da ignorancia da sociedade.
Para os demais, a mesa farta, o peru amarrado pelas pernas e assado dentro de um metal reluzente e quente. O chocolate, o vinho, os fogos. Quanto dinheiro queimado.
Via os dias mas não me animava, fingia não ver, e por alguns momentos, de tanto enganar, realmente cheguei a não ve-los muito. Passavam despercebidos. Passavam como água... por ai, sem gosto, sem cheiro, sem cor.
Mas já? Dia vinte e quatro? É amanhã? Véspera de Natal.
A tristeza tomou conta das entranhas. Do corpo, da alma, do coração. A respiração se ofegou, os olhos secaram, o corpo foi paralizado pelo simples fato: é Natal.
A santa ceia. Confraternização, sorrisos maléficos. A esperança de uma noite tranquila, se foi.
Então chegou a tal meia noite, que todos esperam como se fossem cachorros, vendo suas cadelas no cil. Os fogos, o dinheiro pegando fogo, o barulho que faz todos os cachorros latirem e ficarem putos, simplismente por ter seus timpanos serem perturbados por aquele estrondo. Passe logo, passe logo meia noite. Deixe-me sozinha em paz, no meu quarto, com a garrafa de vinho e meus filmes.
Quatro horas da manhã então, me deitei. Acabará de ver toda uma série de um filme famoso demais, ilusório demais...Bom, para se assistir no dia de Natal.
Todos com o sorriso pregado no rosto, ignorei o fato não ficando em casa.
Enganando a vista, a sabedoria, a memória, novamente a contagem dos dias, logo mais chega o Ano Novo.
Mas uma véspera maldita, mas uma esperada pela meia noite, mais dinheiro queimado em forma de luzes fluorecentes queimada na negritude da noite. Ao menos isso representa dias novos. A chegada de mais um ano, um pouco mais de velhice. Talvez até mesmo uma chegada mais próxima da morte para um reencontro.
Feliz Natal e um próspero Ano Novo.

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