quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Luvas de couro.

Era doida, a Barbara. A menina de cabelos curtos e cinzas que trabalhava naquele balcão cheio de doces, com alguns vinte tipos de cigarros para vender.
Vivia espiando pela a entrada da direita, o que o moço dos olhos azuis fazia. Trabalhava em uma borracharia quase de frente, passava com os carros pra lá e pra cá toda hora. Segurava seu cigarro nos lábios enquanto rolava alguns pneus pela calçada.
Na cara de pau, levantou-se do banco alto que ficava, e foi até a porta, olhar sem querer o movimento daquela avenida, ver se não topava com olhos claros por lá. Foi ai que então viu o desejado cara, entrar no carro que seu padrasto usava para trabalho e enfia-lo dentro da borracharia. Uma alegria subita lhe dominou e só esperou pelo momento.
Passou uma hora, e ela havia esquecido daquela cena, se perdendo entre paginas de um livro; ah Barbara adorava ler. E mais nem menos ouviu aquele ronco conhecido, o  tal carro, estacionando atras dela, somente com uma parede lhe separando.... Nem menos que três segundos, seu pensamento foi realizado.
Olhando para o seu lado esquerdo, um pouco para cima, ela os encontrou, os olhos azuis! A mão dentro de uma luva preta de couro lhe entregou a chave do veículo, o sorriso mais branco que já virá antes, os olhos, uma piscada. "Ele piscou pra mim, filho da puta sem mais nem menos, agora saiu.... com o sorriso na cara, ele sabe o poder que tem"
Ganhou o dia! de costume bagunçou seus pequenos fios cinzas de cabelo, e continuou a ler seu livro... com uma diferença agora, ela não se perdera entre a história .. mas sim nos olhos azuis.

Nenhum comentário:

Postar um comentário