quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Recaída

Não está o vento que gostaria que estivesse, pra agarrar o travesseiro e olhar pro teto, pensando em nada, ou pensando em tudo, ou só vagando no que vier na mente.
Não há como nesse tempo, nesse tempo gelado, não recordar, lembrar, lastimar.
A minha mão encaixa no bolso de sua jaqueta, fechada como se estivesse preparada para dar um murro, firme, mesmo assim ficava gelada com o vento que passava pelo tecido.
O nariz virava uma pedra vermelhinha e sentia dificuldade pra respirar, logo, sentia sua mão passar pela minha coxa.
Era assim os 5 ou 6 minutos de moto até chegar na sua casa.
Disputavámos o banheiro pra fazer xixi.
Ele reclamava de abaixar as calças.
Eu reclamava de sentar no vaso gelado.
Depois reclamavámos de tirar as roupas e correr pra cama.
Nu, ele me chamava "vem logo inha, corre"
E como uma criança, correndo até o brinquedo, eu pulava pra baixo das cobertas, o beijava, o esquentava.
Sentia seus dedos longos e gelados passarem por minhas costas, me causando arrepios tão intensos, curvando-me.
Então sentia o calor de seu hálito, o calor da carne de sua boca, a umidade de sua lingua.
Assistiamos a TV.
Assistiamos a um filme por não ter nada na TV.
Não precisava ser um filme novo, podia ser os guardados, os favoritos dele, O Poderoso Chefão, Laranja Mecânica. Tanto faz, não importa.
Não importava muito naqueles dias, não importava o que... importava a presença.
Eu poderia ter amado mais.
Eu poderia ter amado menos.
Eu poderia ter tido menos ciumes, menos posse, menos insanidade e loucuras. Invenções.
Talvez, se eu não tivesse aprendido a virar o jogo, não tivesse evoluido, tomado no cu diversas vezes, ele ainda estaria morando por aqui, e eu "apanhando", mas tudo estaria bem. Não importaria...
Mas eu cresci, em 5 anos amadureci, aprendi a virar a página, aprendi a  ignora-lo também.. não era mais a menininha de 15 anos.
Então aprendi a avaliar o que valhia ou não a pena.
Aprendi a fazer ele correr atrás, mas aprendi também a cansar...e saber parar.
Talvez se eu não tivesse aprendido nada disso, enquanto eu ainda insistia, e só levava "NÃO NÃO NÃO" eu teria sido mais boazinha, menos cretina, teria o perdoado quando ele olhou pra trás e pediu pra voltar e teria  dado mais atenção naqueles ultimos dias que passamos deitados na cama...
Enquanto  me olhava e dizia "é tão bom ter você aqui, eu amo você"
Mas eu já estava tão cansada, com ódio e vingança intalados, já havia sofrido tanto, já havia pedido tanto pra voltar, já havia escutado tanta merda, tanto desaforo, do qual posso ter merecido sim, por ter sido ciumenta, por que o amava, possessiva, por que o desejava, louca, por que era louca por ele! Mas... meu corpo, minha cabeça, minha paciência.. já dizia que "NÃO NÃO NÃO!"
Eu não merecia mais aquilo... me sujeitar a aquilo.
Então tudo aconteceu!
Passou 7 meses.
Voltamos a nos falar.
Sofremos na distancia...
Mas mesmo assim, parece que as vezes só eu lembro, só eu recordo, só eu sofro.
Então eu canso de novo, sabe?
"Valhe a pena?"

Nenhum comentário:

Postar um comentário