domingo, 16 de janeiro de 2011

Malicias.

Ele esperava naquele quarto vazio, olhava por entre as cortinas, disfarçadamente, sem que ninguém percebesse, se o carteiro estava vindo. Logo mais, dentro de um ou dois minutos a carta chegaria, e ele guardaria mais uma, junto com as outras, que vem sempre entre a semana.
Aquelas palavras dentro dos seus olhos eu via o quanto você me pedia, sentia tua pele nas palmas das mãos e não continha  o sorriso, a alegria de te-lo...
De repente passou por baixo da porta, o envelope amarelo, colado delicadamente, com a letra fina e charmosa Para Pedro.
Naquela antiga cama, ficavamos deitados escutando alguns ruidos lá fora, sem preocupação se a fumaça do cigarro as vezes cobria nossa visão, seus olhos castanhos claros, as vezes pareciam vermelhos, como chamas de fogo, tua boca tão macia... gosto dos teus cabelos e os acariciava, me perdia com os dedos, os puxava como você gostava... Ah como sinto sua falta.
Dobrou o envelope e o escondeu junto com os outros. As vezes os reli-a só para sentir prazer em certas palavras ousadas, sentir a alegria que o tomava, nem mesmo a bebida lhe acalmava como aquelas palavras que se passavam dentro daquela tinta preta, fina.
Logo mais sua mulher chagaria, e Pedro se perdia lendo, o que acharia ela se o encontrasse com as cartas? Tinha logo que guarda-las.... Mas a noite chagaria e ele ficaria só novamente, quando Ana saisse para um chá com amigas, Pedro estaria livre de novo, e como um menino, sentava em sua escrivaninha entre cigarros e bebidas, e escrevia mais uma vez em seu diario.
Dobrou o papel, guardou o nanquin de onde saía a letra fina do bico de pena, e enfiou no envelope amarelo.
-Colocando amanhã no correio, talvez chegue dentro de um dia...
E poderia se deliciar com as cartas novamente.

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