segunda-feira, 2 de maio de 2011

-Acorda!
O despertador já havia tocado três vezes, loucamente, alto e irritante como só ele sabe ser as seis horas da manhã. Emily continuou ali, emaranhada no cobertor de pelos que fedia ao seu bulldog, esperando que não a chamassem novamente a não ser para dizer "Fique ai mesmo, não trabalhe hoje!"
-Acorda menina! Não me atrase de novo!
E então já irritada levantou desgostosa, sentou-se e sentiu o piso gelado daquela manhã chata, igual a de todos os dias.
Levantou xingando algo entre o vento que o ventilador dava. Mesmo naquele frio ela dormia com ele ligado, não conseguia de jeito algum dormir com o quarto afundado em silêncio, o quebrava com o barulho das astes então, que giravam no teto, e se perguntava o que aconteceria se aquilo um dia despencasse enquanto dormia.
Abriu a porta-janela e olhou lá fora, tempo mais ridiculo não havia. O céu estava coberto de um cinza escuro, lastimável e perfeitamente para um dia de enterro, onde tudo é preto, chato, colhido por lágrimas.
Abriu a segunda gaveta pegou sua meia calça preta, e jogou o sobretudo de lã por cima. Colocou os tênis sujos, que desde comprados nunca foram lavados, e foi lavar a cara com a água gelada que saia frenéticamente da torneira.
Escovando os dentes mandaram-na ir logo, quase se afogou com a pasta mandando sua mãe ir pro inferno. Ficou quieta, não queria mais dor de cabeça naquela manhã.
Entrou no carro e foi num mutúo silêncio até a escola de seu irmão, onde sua mãe o largou e foram para a padaria.
Atendeu, ouviu reclamações, e ficou contando os minutos na tela do computador.
Deu uma hora e meia e foi embora... colocou a bolsa de couro entre um ombro e foi pro centro.
Havia uma garoa ridicula que não a atormentada, nem se causava-lhe fios rebeldes nos cabelos, entrou numa convêniencia e pediu um cigarro.
-Um Black.
Pagou e saiu.
Entrou num bar fechado, um tanto escuro, com mesas de madeira velhas e umas cadeiras gostosas de couro vermelho queimado.
Pediu o café, tomou e fumou tranquilamente olhando pela janela a rua, que já lá caia uma forte chuva.
Sentou na sua frente um moço, que brincava com a colher do seu chá... o que era bem mais interessante no momento que sua própria vida.
Emily não sabia mais o que fazer, abriu o diário velho de paginas amarelas e capa preta de couro... virou umas páginas já escritas e tentou escrever algo....
"Chove, nem mesmo esse desgosto de tempo me tira a angustia, nem mesmo a lembrança mata a saudade, nem mesmo o fumo e a cafeína me despertam ou me desligam... arranca-me o cérebro, me dê algo útil, nesse cafofo de bar.... onde até uma colher de chá se torna mais interessante do que a própria vida."

2 comentários:

  1. Oi, Pietra! Eu sempre entro neste blog , tem posts mutos engraçados , assim como os da padaria UEHAUHEAUHAUHEAUHEAUHEAUHE ' bom , eu só passei aqui pra postar ese comentário e dizer q te admiro muito , beijos.
    ps: SUAS FOTOS SÃO PERFEITAAS!*-*

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  2. Oi, fico feliz em saber que alguém lê meu blog a não ser eu ;D
    e fico mto grata pelos elogios dos meus textos,e, fotos.
    Beijos.

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